Um dos convites mais inusitados de minha carreira ufológica foi o de falar em um "woodstock" sociológico. Ao ar livre e sem nenhum aparato técnico (microfone ou telão). Minha expectativa era zero mas como conhecia o organizador através de um chefe escoteiro amigo meu e do nosso colega do NEUS Iuri. Aceitei de imediato o desafio.
A Aldeia Caina já está em seu segundo ano e a intensão de uma reunião de pessoas envolvidas com o livre pensamento em um espaço na natureza, com diversas oficinas de artes e práticas de meditação e arte circense.
As dificuldades já começaram quando em pleno feriadão meu editor Ademar Gevaerd me solicitou uma arte de capa urgente. Bem não lembro de ter tido mais que uma semana para fazer essas capas. O bloqueio foi grande. Com a cabeça na tal palestrinha, uma viagem a mal fadada General Câmara e umas 10 outras ilustrações para o colega Francisco de Campos por fazer o nó foi feito. Escoteiros? Nem pensar.
General Câmara
Segundo dia de feriado,sábado dia 17 de novembro, saímos cedinho para General Cãmara. Para mim uma tortura a não ser pelo fato de ir ver meus pais os quais pouco vejo. Mas a missão era reecontrar as testemunhas do
caso de 1971 no qual narra a observação de mais da metade da população da cidade a um um UFO em forma de anel. O reencontro serviu para que eu alinhavasse a história para a produção do programa Contatos Extraterrestres do History Channel a qual está pleiteando mais um ano da série.
Bom rever o caso e escutar não só minha mãe (testemunha ocular) mas como o Professor Carlos Dantê Kroeff que lembrou mais detalhes do acontecido.
JORNADINHA
No retorno a Santa cruz encontrei o chefe Daniel Bencke, colega do G.Escoteiros Maclaren que me informou a situação da Aldeia Caiana. Um temporal na tarde de sexta arrasou boa parte das cidades vizinhas mas por um milagre não atingiu severamente a Aldeia. Não tinha jeito, eu tinha que ir mesmo ao compromisso. A essa altura já buscava subterfúgio para não ir pois estava muito cansado e pensando que não iria ter proveito neste feriadão no sentido de descanso.
Mas...o dever nos chama a luz da difusão do fenômeno UFO. e missão dada , é missão cumprida.
Seguimos em direção ao local no interior de Vera Cruz. Foi no sassado que "deveríamos seguir pela BR 741 e dobrar RS 287 em A Rio Pardo, na rótula a seguir entrar a esquerda em seguida." Fizemos o percurso várias vez\es e não encontrávamos a entrada do Camping Klinger onde acontecia o evento. Liguei para organização que me informaram que iram me buscar na tal rótula. Anoitecendo decidi liberar a Fernanda e o "NEUSMÓVEL", fiquei ali parado com inha mochilinha a esperar.
Passado uns 40 minutos resolvi agir. algo não estava certo. Caminhei então na direção de Rio Pardo afim de tentar achar ap´r a Aldeia. Após caminhar um quilômetro entrei em uma estrada de chão esegui o som de música forte ao fundo. Deveria ser lá. Por sorte encontrei um rapaz que informou que o camping não era para aquelas bandas e sim que eu deveria retornar a RS287 e continuar em direção a Rio Pardo.
-Muito longe ainda?
- Bah! Bem longe, o senhor ainda temque passar a outra rótula.
Então, tinha uma segunda rótula e era essa a tal que eu deveria ter encontrado anteriormente.
Confesso que refleti na quela hora e me senti a pessoa mais burra deste planeta. Como que consegui entrar nessa roubada. Liberar o carro ainda por cima. Como disse, alguma coisa não fazia sentido nisso.
Mas meu senso de dever cumprido misto de um sentimento de total encurralamento me fez seguir em frente. Pé na estrada, uma boa jornadinha aquela hora da noite seria mais uma dentre tantas outras que já fiz em minha vida de aventuras escoteiras.
RS 287 a Aldeia estava longe ainda
A escuridão da noite veio e com ela um vento forte e frio. Desprovido de equipamento e roupa adequada comecei a calcular as possíveis situações de emergência.
E se o rapaz me passou a informação errada também?E se depois de caminhar tanto eu não achar o lugar e ter que voltar tudo de novo?
A lua despontou clara e iluminou o caminho, sorte minnha pois estava apenas com uma micro lanterna. Não tinha trazido água e procurei desviar meu pensamento disso. A estrada era linda e me senti totalmente como um
Alexander Supertramp (Christopher McCandless) em sua "natureza selvagem". Caminhado a esmo.
Parei um pouco para observar a paisagem sob a luz da lua. Estava sozinho naquela estrada deserta. Durante meu percurso que já marcava quatro quilômetros apenas 4 automóveis e dois caminhões passaram por mim.
Um lago a minha esquerda e a minha direita eucaliptos solitários em meio um campo aberto balançavam ao som do vento com o luar refletindo em suas folhas. Acima de mim percebi um dos diversos satélites em seu curso. Lindo.
Seria o cenário perfeito para um contato...
ALDEIA
Ao chegar a segunda rótula uma placa me deixava cada vez mais preocupado: " CAMPING KLINGER A 1KM".
Meu Deus essa era a situação ufológica mais complicada que já enfrentava desde a maldita Serra da Mata Onça, visto que a placa apontava em direção da cidade de Vera Cruz e não na direção sugeria pelo m eu último informante.
Ok , eu iriar seguir pela RS 287 e comecei a contar meu passo duplo (técnica escoteira usada na medição de distância). Quando chegasse a um quilômetro e não encontrasse a tal Aldeia iria retornar e ir em direção a Vera Cruz.
Exatamente quando marquei 990 metros ali estava a minha esquerda as luzes, a música e tudo mais.
Na chegada nada daquilo que eu estava acostumado nas minhas palestras como recepção, credenciamento, acomodações...apenas dois caras falando sobre que o "cara tava perdido". - Não, não . To aqui. - afirmei.
Uma calorosa recepção por parte do organizador do evento me fez respirar tranquilo e renovar as forças ao perceber que eu era esperado.
Displicentemente e sem muitas delongas começaram a reunir as pessoas em uma lona no chão a céu aberto.
Eram no início uns 10 e depois começou a aparecer mais e mais. Sentei em um banquinho e juro que a visão que tive foi a mais tocante de minha vida ufológica.
Na sua maioria jovens, sentados na lona fazendo uma espécie de círculo, outro em cadeirinhas de práia, alguns com cobertores, um carrinho de nenê atrás de mim ao lado direito, ao lado esquerdo atrás outros tantos deitados.
Uma voz me soprou na mente e disse: essa é tua hora. Vai conta pra eles tudo o que tu sabe. Faz o teu melhor.
E ali foi a minha maior e inusitada experiência ufológica que tive.
Uma espécie de onda positiva estava ali neste lugar e independente do assunto foi muito bom conversar com todos. Ouvir seus questionamentos e curiosidades.
Espero que eles tenham gostado E QUE ANO QUE VEM POSSAMOS ESTAR EM MAIS UMA ALDEIA CAINA.
Parabéns ao Joe e os organizadores.
Essa é mais uma parte da vida de um ufólogo...